terça-feira, 22 de maio de 2007

A Globalização nos Serviços


Economistas norte-americanos têm reunido dados e estatísticas para dimensionar o impacto real do “international outsourcing”, ou seja, da terciarização internacional, para avaliar, além dos dados empíricos, a relação real entre a criação de empregos fora do país e a destruição de empregos nos Estados Unidos.


O caso mais evidente refere-se à Índia e ao seu sector de tecnologia.Esse não é um fenómeno isolado. A Comissão Económica para a Europa das Nações Unidas tem-se debruçado sobre o assunto, pois a terciarização internacional tem ocorrido em toda a Europa, principalmente no Leste Europeu.Essa terciarização, no geral identificada nos sectores de tecnologia, informação e comunicação, alcança uma grande variedade de serviços, como embalagem, montagem, logística, entre outros.


Analisados à distância, o que vemos é a globalização do sector de serviços, a uma velocidade maior que a capacidade dos governos de regulamentá-las.Há, basicamente, dois tipos de inserção num mercado globalizado. No modelo presencial, a empresa deve se instalar no local onde está a demanda, e aí cabe um sem número de conexões e formas de trabalho com a matriz. No outro modelo, que podemos chamar de exportador, a empresa não precisa estar onde está a demanda. Os dois se aplicam também à área de serviços.


Há poucos anos, discutia-se sobre a inserção do sector de serviços que indicavam que os governos protegeriam seus mercados contra a entrada dos estrangeiros. Discutia-se a imposição de equivalência curricular para os serviços profissionais e a necessidade de um sócio natural do país hóspede fazer parte de uma empresa prestadora de serviços. Também se cogitava a limitação percentual do capital social que poderia ficar em mãos estrangeiras, além de barreiras operacional, financeira e tributária.


Uma boa parte do sector de serviços não saiu de seus países para se globalizar. Sem sair do seu país, as empresas prestam serviços a todo o mundo. O interessante nesse modelo, é que, na maioria dos casos, ele acaba com paradigma clássico da globalização pelo qual se imaginava a massificação dos bens e produtos. Seria impossível para um hindu atender a uma dúvida de um cliente nos Estados Unidos sem se adequar à cultura do país.


Da mesma forma como é impossível vender um software brasileiro de gestão para outro país sem adequá-lo aos padrões financeiros, tributários e operacionais daquele país.Na área de serviços profissionais, há exemplos interessantes, como na advocacia, só para citar um em que temos experiência diária. Nesse sector, empresas globais contratam do exterior, escritórios locais. A contratação pode ser desde uma auditoria na filial brasileira, uma consulta sobre nossa legislação, ou até a participação em um projecto global.


Este nível de globalização seria impossível sem o estágio de desenvolvimento tecnológico em que vivemos. O fascinante da globalização dos serviços é que ela pode ser ampliada para uma prestação de serviços de maneira ainda mais complexa, atendendo a cadeias de clientes ainda mais dispersos. Porém, nunca será massificada.

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